terça-feira, 25 de junho de 2013

FOLHA DE TAMANDARÉ nº 723, 16 a 30/04/2012

OS NATIVOS DA TERRA TAMANDAREENSE

Os primeiros seres humanos a povoarem a região tamandareense foram os Tinguis, que significa em nossa língua “nariz afilado”. Os quais se espalhavam por toda a região dos Campos de Coritiba que hoje corresponde a Curitiba e uma parte da Região Metropolitana.
Por ser um povo da floresta, se diferenciava um pouco do povo nativo encontrado no litoral, mas que possuíam a mesma origem Tupi-Guarani. Apesar, deles possuírem a mesma gênese, o povo da floresta (Tinguis), ainda se comportava dentro de um contexto característico seminômade. Ou seja, caçavam, pescavam, coletavam alimentos da mata e conheciam a agricultura, mas a utilizavam apenas como atividade secundaria de sobrevivência e não como a principal. Por este motivo que eram seminômades. Se organizavam em grupos que se abrigavam nas tindiqueras (buraco de tingui) que na verdade eram covas abertas no chão.
Graças, a observação feita dos hábitos alimentares dos tinguis, foi possível identificar vegetais e animais exóticos (já que certas espécies vegetais e animais eram desconhecidos para os portugueses), e a partir deste fato, o colono conseguiu classificar o que era comestível ou não. Um exemplo, é o habito que a população da nossa região possui de se alimentar com o pinhão, fruto da Araucária, árvore símbolo do Paraná. Neste contexto, também se observou a correta utilização da mandioca e sua posterior utilização pelo colono como alimento.      
Em documentos oficiais da época da colonização da Vila Nossa Senhora da Luz dos Pinhais (Curitiba), os Tinguis foram descritos como um povo pacífico, que apesar de andarem nus, não carregavam a malicia do europeu “civilizado”. Eram simpáticos e acessíveis. Tão acessível, que acabaram virando serviçais do colonizador da região.
Em decorrência da exploração de seu trabalho que sofreram no contexto da exploração do ouro e de outras atividades econômicas; do constante contato que tinham com os colonizadores dos povoamentos que iam se formando, devido a sua simpatia, docilidade e inocência, eles aos poucos foram se condicionando civilizado aos moldes dos colonizadores; outros que vagavam foram transformados em escravos pelos bandeirantes; já outros se misturaram a outros grupos indígenas ou até mesmo aos colonizadores, já que eram seminômades; alguns grupos foram catequizados por jesuítas, já que existem marcas da passagem desses sacerdotes no município (Recanto Marista ou Parque Santa Maria) e por fim, a doença trazida pelo europeu trouxe a morte aos grupos mais retirados. Ou seja, os tinguis foram supostamente absorvidos e não exterminados, pela nova realidade que raiva na região.
Neste contexto, o que sobrou dos tinguis foi seu legado genético que muitos moradores da região carregam em seu sangue e a expressam em características físicas e até em costumes e comportamentos herdados deles. Como também é possível perceber de forma notória, o que sobrou de sua língua, nas expressões que denominam coisas, comidas e lugares. Um exemplo é a denominação que recebem alguns bairros tamandareenses: Botiatuba, Pacotuba, Boixininga, Tanguá, Juruqui, Humaitá, Barigui,... No entanto, infelizmente, não existe mais uma cultura pura que represente o Povo Tingui.

Antonio Ilson Kotoviski Filho. É professor de História da Escola Estadual Jardim Paraíso, Bacharel em História, Especialista em História do Brasil, Mestre em Ciências da Educação, Bacharel em Direito, historiador, poeta e colunista da Tribuna da Barreirinha e Tribuna do Centro.


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