segunda-feira, 10 de junho de 2013

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 689 DA QUINZENA DE 16 a 31/06 de 2011

UM MESMO LUGAR, MAS DIVERSIFICADAS DENOMINAÇÕES

Campos do Coritiba era assim que os desbravadores ibéricos se referiam ao território que encontraram no primeiro planalto paranaense e onde consequentemente  se encontra a cidade antes do povoamento. A região ganhou importância em virtude da Descoberta da Conceição,  atualmente em território campo magrense o qual inspirou a denominação que até hoje persiste na região. Porém, por efeito arraias que posteriormente tornaram-se povoados foram surgindo. Entre eles, o qual se liga diretamente a evolução autônoma do município em termos oficiais de denominação é o atual Bairro do Pacotuba, que inicialmente foi a Sede Distrital. Pois, em virtude do projeto de desenvolvimento das colônias de imigrantes no Paraná, sendo algumas estabelecidas na região norte de Curitiba, ocorreu à necessidade de elevar o status administrativo da região. Foi nesta minirreforma política/geográfico-administrativa, que a localidade curitibana de “Pacotuva”, foi elevada a categoria de Freguesia em 10 de maio de 1873, por intermédio da Lei nº 438.
A denominação “pacotuva” é um hidrotopônimo de origem tingui. Ou seja, a região recebeu o nome por causa do Rio Pacotuva (Pacotuba). Porém, o rio provavelmente foi denominado desta maneira devido à existência de um ponto de referência ter uma abundante população de pacas em região especifica. Ou seja, o rio recebeu um zootopônimo em um contexto de ponto geográfico de referência.      
Devido ao seu desenvolvimento, em relação às perspectivas da época (final do século XIX). A Freguesia de Santana do Pacotuva é elevada a categoria de distrito de Curitiba com a denominação de Nossa Senhora da Conceição, pela Lei Provincial n° 924 de 6 de setembro de 1888 e sua sede é transferida para o povoado vizinho de Conceição do Cercado. 
A denominação Nossa Senhora da Conceição, foi inspirada no grande numero de concessões existentes no território. Que popularmente recebiam o nome de “conceições” ou “Conceição”, que geralmente era anexado o sobrenome familiar do  beneficiado. É por este motivo que atualmente ainda existe nos municípios de Tamandaré e Campo Magro localidades denominadas de Conceição dos Túlios, Conceição dos Freitas,... Já “Conceição da Meia Lua”, diz respeito a uma antiga medida agrária, que serviu de base para as doações aos imigrantes na região da Conceição da Meia Lua. Ou seja, pelo fato de Conceição denominar o distrito se vinculou os prefixos “Nossa Senhora” a palavra Conceição para dar ênfase religioso e representar a ideia de território “concebido” a todos como benção.                           
Almirante Tamandaré em sua gênese teve seu território desmembrado da Capital do Estado em 1889 inicialmente e efemeramente com a denominação de Conceição do Cercado estabelecida pela Lei Provincial n° 957 de 28 de outubro de 1889. Esta denominação estava vinculada a uma concessão de terras que se dispunha onde contemporaneamente se localiza o Jardim Santa Terezinha na Sede. Esta área de terra que margeava  Estrada do Assungui (atual trecho da rua Rachel Candido de Siqueira), curiosamente foi cercada para evitar invasões de aventureiros ainda  no período que existia a exploração aurífera no rio Pacotuba. Porém foi confiscada pela Província, e permaneceu nesta condição até a intervenção do Sr. Ambrósio Bini em meados da década de 1950 junto ao Governador Bento Munhoz da Rocha Netto, que possibilitou que o Estado do Paraná doasse a área para o município para fins de parcelá-la para seu povoamento.               
Porém, a denominação Conceição do Cercado soava estranho e por esse fato em 09 de janeiro de 1890 pelo Decreto nº 15 baixado pelo Capitão de Mar e Guerra José Marques Guimarães, então Governador do Estado do Paraná, o território da Villa Conceição do Cercado, é agraciado com a denominação de “Tamandaré”. Homenagem prestada em vida ao “Velho Marinheiro” e Patrono da Marinha do Brasil, o Almirante Joaquim Marques de Lisboa (Almirante Tamandaré). Amigo, mentor, e colega de campanhas militares do então governador. Ou seja, a cidade começou a ser conhecida por “Tamandaré” e não de Almirante Tamandaré como é contemporaneamente.
   O município  manteve-se seu statu quo autônomo até o advento do Decreto Lei nº. 7573, de 20 de dezembro de 1938, quando por força deste foi extinto7573, de 20 de dezembro de 1938, extinguia o municipio mandardivisnha, encontraram ouro na regi e por consequência  seu território passou a fazer parte novamente do território de Curitiba até 30 de dezembro de 1943. No entanto só no dia 11 de outubro de 1947 por força da Lei Estadual n° 02, inciso XXI, que o território voltou a ser autônomo novamente, mas sob a denominação de Timoneira estabelecida pelo Decreto-lei de nº 199 de 1943.
A denominação Timoneira foi uma consequência da perca da autonomia, já que no Estado de Pernambuco já existia uma região homônima ao território tamandareense. Sendo que a mesma se encontrava com o status de distrito na época. Ou seja, o mesmo status que a nossa cidade havia adquirido. Este fato foi um motivador para Tamandaré se tornar Timoneira. Justamente para se diferenciar do território pernambucano.
Só por curiosidade, foi o pequeno povoado de Tamandaré em Pernambuco que inspirou o título nobiliárquico oficializado em 14 de março 1860, como forma de homenagem de D. Pedro II ao Almirante Joaquim Marques de Lisboa. Que relembra com esta, o lugar em que com bravura, havia tombado o irmão do Almirante, o Major Manoel Marques de Lisboa, quando este chefiava a defesa do porto de Tamandaré, na costa pernambucana.
Já a palavra Timoneira que inspirou o novo nome da cidade significa o feminino de quem governa o timão de uma embarcação, dando a ideia de que a cidade estava sem um comandante (e realmente estava, pois não era autônoma quando recebeu este nome). Porém, segundo o historiador João Carlos Vicente Ferreira, o nome dado ao município de Timoneira tem origem na denominação antiga da erva-mate colhida nos arredores de Curitiba, significando “erva que está à mão”, caracterizava-se por ser mais fraca que as demais. Espécie vegetal natural da região. Ou seja, esta espécie oficialmente se chama Ilex theezans martius e popularmente é conhecida como Caúna, Caúna da Folha Amargosa, Congonha, Erva de Timoneira e Timoneira. Foi muito utilizada como energia para alimentar os fornos da queima da cal e na produção de cabo de ferramentas. Mesmo sendo largamente explorada, ainda existe nas matas pouco exploradas da cidade.
No entanto, a localidade já havia construído uma história. E por este motivo, atendendo as reivindicações populares da época, de descontentamento com a denominação hilária de “Timoneira”, expressadas pessoalmente em conversas pelo então prefeito da época João Wolf,  junto ao então Governador Moysés Lupion em seu novo mandato (1956/1961), que posteriormente sancionou a Lei nº. 2644, em 24 de março de 1956,  que restabelecia a denominação Almirante Tamandaré, sendo esta publicada no Diário Oficial do Estado do Paraná na Segunda Feira do dia 26 de março de 1956. Eis que ao invés de ser denominado simplesmente de Tamandaré, foi acrescentada a palavra “Almirante” ao nome, para se diferenciar da localidade pernambucana de Tamandaré. 
Por efeito de conhecimento, “Tamandaré” é uma expressão que possui uma variação em tupi que nasce da expressão “tamanda-ré” e também de outra versão “t’-amana-ri”, mas que significa dentro de uma contemplação ampla: “que veio depois da chuva”. Ou em tupinambá “Tamendonaré”, que possui o mesmo significado e uma variante (que veio depois da chuva ou povoador da terra). Estes significados possuem origem no personagem  Tamendonaré (Tamandaré) que faz parte de uma lenda Tupinambá.


Antonio Ilson Kotoviski Filho. É professor de História do Colégio Estadual Jardim Paraíso, Bacharel em História, Especialista em História do Brasil, Mestre em Ciências da Educação, Bacharel em Direito, historiador e poeta. 

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