sexta-feira, 26 de julho de 2013

O COTIDIANO DE TIMONEIRA PARTE II

O presente texto foi extraído da pesquisa "Contos e lendas de um povo" elaborado pela Mestra Josélia Ap. Kotoviski em 2001.

Um ilustre e saudoso morador da Lamenha Grande, que muito colaborou com o "Projeto Contos e Lendas de um Povo", já que, era portador de uma memória histórica foi o Senhor João Bugalski Sobrinho, cujo avô, foi o Professor Ignácio Lipski, que veio da Polônia para o Brasil em 1876, onde se instalou na Freguesia do Pacotuba, buscando melhores condições de vida. Tinha uma boa formação, por este motivo se tornou inicialmente professor auxiliar na escolinha de São Miguel onde por falar duas línguas (português e polonês), foi capaz de ensinar os filhos dos imigrantes que aqui chegavam. Pois, para conseguir ensinar, a professora brasileira necessitava que ele que traduzisse tudo o que ela falava, pois a maioria das crianças só entendia o polonês.
Um fato marcante vivido pelo professor Ignácio Lepski foi quando ele lecionava na Escola Isolada de São Miguel. Eis, que o Intendente Coronel João Candido de Oliveiro,  no que tange o cumprimento legal de uma ordem geral do Governo Central, invadiu a escola com seus homens de confiança e mandou que queimassem todos os livros poloneses da escola.
Porém, apesar do Coronel ter que cumprir ordem assim, ele era uma pessoa generosa, pois foi ele quem construiu a segunda Igreja Matriz. Esta igreja era apenas uma capela simples. No entanto bonita, bem no alto. Possuía um tom de cor amarelo desgastado pelo tempo, com grandes portas de madeira pintadas de marrom. O piso era de lajotas pequenas, com algum colorido em vermelho. O altar era bem alto e o padre rezava de costa para o povo, sendo a missa rezada em latim.
Em 1935 foi inaugurado o Seminário Santo Antonio[1] de Botiatuba que por 44 anos funcionou como sede da Paróquia Nossa Senhora da Conceição. E que até o momento, mantêm as mesmas características da construção original.   Nesta época, era notório o respeito que as pessoas tinham a fé cristã, principalmente entre as famílias polonesas que trabalhavam nos dias de semana e aos domingos reservam para descansar e ir a missa. Porém, outra manifestação religiosa era o costume que os poloneses tinham de construírem capelinhas. Sendo que na Capelinha do Pacotuba, houve a participação direta da família do seu João Bugalski em 1929, através de seu pai Martim Bugalski que cedeu uma parte de seu terreno para que a mesma fosse construída.  
O Senhor João Bugalski nasceu em 1930 e tem mais 3 irmãos. Houve um tempo que os seus pais viveram em uma casa de barro e usavam velas e lampiões, no bairro da Lamenha Grande e quando faltava alguma coisa iam até Curitiba de carroça, a pé ou a cavalo, demoravam três horas e meia para chegarem até a capital. Lembra que o primeiro ônibus dessa região que passava pela Estrada Estratégica foi o que fazia a linha  Rio Branco do Sul a Curitiba. Em 1948 o senhor João Bugaslki estava no quartel. Ele se casou aos 26 anos e se orgulha de ter sido catequista por 5 anos.
Lembra da que em 1953 e 1955, Ambrósio Bini foi prefeito de Timoneira. Nesta época, a localidade do Jardim Paraíso não existia, já que era uma área de cultivo. Sendo que nesta região existiram muitas famílias polonesas.



[1] BONAMIGO, Euclides. Histórico da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Almirante Tamandaré. 1998. 

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