sábado, 21 de setembro de 2013

O Coronelismo na velha Tamandaré.

Extraído do livro Relatos de um tamandareense...

O coronelismo que existiu na Vila de Tamandaré, não era tão radical como foi no nordeste do Brasil, como também, o sistema, não encontrou as mesmas facilidades para se desencadear aos moldes apresentados.
O coronelismo na Vila de Tamandaré se apresentou centralizador. Porém, limitado ao poder estadual, devido à proximidade com a capital e a própria característica da população, que apesar de agrária, possuía posse e sobrevivência independente da ajuda ou não do poder local.
Tal fato era naturalmente notório. Porque o povo pouco ligava para a política. Pois, independente dela, tinha que trabalhar e buscar formas diversas de conseguir recursos. Já que, infelizmente, no período final do século XIX até meados da década de 1940, a região tamandareense era pouca habitada, possuía uma produção agrícola e pecuária voltada para o próprio sustento, iniciava a exploração da cal e comercializava com a capital alguns excedentes agrícolas, porém, trazia de Curitiba, produtos manufaturados. Resumindo, para o povo, o coronel era um político. Porém, com fama adquirida devido aos conflitos gerados pelas disputas de poder entre os próprios coronéis.
Diante destes expostos, não raro é perceber nos depoimentos das pessoas que presenciaram este momento em Tamandaré. Relatos demonstrando que os coronéis que por aqui pisaram, eram pessoas boas na relação com o povo comum. Pois, eram prestativos e de boa convivência. Porém, longe de haver contradição na informação, eles eram intolerantes na relação de convivência e disputa pelo poder entre eles próprios, ou seja, entre os que tinham o poder.
Neste contexto, não raro, era encontrar famílias desses políticos nesta época que não se falavam. Pois, se tratavam como inimigas. E também, não era ficção, entrar em contato com histórias contadas pelos mais antigos, de filhos de coronéis inimigos, que acabavam se casando escondidos para evitar a dura repreensão dos pais.
Segundo relatos de seu Generoso Candido de Oliveira, filho do Coronel João Candido de Oliveira; ele relatou que seu pai, não se dava muito bem com sua irmão mais velha, dona Rachel Candido de Siqueira, em virtude de divergências políticas, geradas em consequência do primeiro casamento entre seu pai e sua mãe Amélia. Ou seja, o jovem João Candido de Oliveira pertencia a uma família rival politicamente da família da senhorita e futura esposa Amélia Almeida.
O senhor João Candido de Oliveira e Dona Rachel só fizeram as pazes, motivados pela eminência da presença da morte que se aproximava para Dona Rachel, o qual chamou seu irmão para por um fim nas magoas guardada por décadas.        
O futuro Coronel era maragato (partidário do federalismo) e a enérgica e política dona Rachel era pica-pau (partidária republicana do poder central forte), a qual comandava todo mundo e era firme em suas decisões, uma característica de sangue da família.               
O futuro Coronel, porque também pelos relatos de seu Generoso, o seu pai recebeu o comando da Guarda Nacional, do governo federal. Pois, isto se deu, porque naquela época não existia quartel nas cidades pequenas, e como o Brasil estava passando por recente transição de sistema governamental, ocorreu à necessidade do governo central, garantir que esta transição se concretizasse. Apesar  de ser maragato, o governo confiou a instrução militar da cidade a ele e também a outros homens politicamente fortes da época, pois, era uma das prerrogativas do Presidente da Câmara esta competência.

Porém, um dos motivos que lhe caracterizaram a fama de autoritário, foi justamente esta ordem de promover a instrução militar de civis. Pois, diferente dos dias de hoje, cujo todo cidadão brasileiro que completa 18 anos deve se alistar, porém, nem sempre é convocado. Naquele tempo, não havia alistamento, simplesmente havia um sorteio, onde o “sortudo”, deveria se apresentar. O problema e que muitos não apareciam, e diante desta situação, o coronel, era obrigado por lei, buscar o fulano onde é que se encontrasse utilizando-se dos métodos que melhor se adequassem, independente da vontade do sorteado não querer ir...

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