quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CONSIDERAÇÕES SOBRE LUGARES HOMÔNIMOS

É muito importante para qualquer historiador ou pesquisador possuir necessariamente conhecimentos geográficos regionais muito amplos e por efeito visitar os locais que esta pesquisando,... Pois, caso contrário pode recair em armadilhas, as quais resultam em erros graves. Um exemplo: a localidade Botiatuba. Eis que em muitos livros e documentos ela se apresenta como um arraial próximo à mina de ouro[1] e por coincidência vizinha ao Passaúna. Já em outros sem uma exposição geográfica se apresenta: “como terra doada em 1686, pelo Capitão-Mor governador Thomaz Fernandes de Oliveira ou Sr. Manoel Soares que era dono da região do atual Butiatuba vizinhas com a sesmaria de seu sogro D. Rodrigo e o Rio Passaúna”[2]. Ou seja, dentro de uma lógica parece que esta se tecendo sobre o Botiatuba tamandareense, já que este fica próximo a nascente do Rio Passaúna. E por este motivo se recai no erro de se tecer estas informações verídicas como se pertencentes à localidade. No entanto, esta informação esta equivocada.
Por que? Porque o Botiatuba que se esta se referindo é o que está localizado em Campo Largo (Botiatuva), ao lado das minas de Itambé. Porém, naquela época se escrevia Botiatuva que é o mesmo que Botiatuba, Butiatuva e Butiatuba. O qual era vizinho do Passaúna. Que fica próximo do Botiatuvinha. Ou seja, não basta verificar a veracidade da informação, se deve também verificar a posição geográfica e se não existe uma localidade homônima.    
Mas hipoteticamente, a área atual do Botiatuba tamandareense, poderia ter pertencido a essa sesmarias, a qual foi dividida com o tempo entre herdeiros de Baltazar Carrasco dos Reis e os herdeiros destes,... Pois, no século XVII as sesmarias eram de grandes extensões territoriais. E as divisas naquele tempo, eram demarcadas por marcos naturais (rio, colinas, campos,...). Este marco era o Rio Passaúna, o qual possivelmente foi estudado e investigado para ver se não existia ouro de aluvião no caminho  feito por ele. Tanto em a sua foz, quanto em direção de sua nascente. Como não seria surpresa, que a região do Botiatuba, derivou da área maior, a sesmaria de Butiatuba (atual Botiatuva em Campo Largo), que é separada pela área do Butiatuvinha (não muito longe um do outro, também derivada deste)[3].  Talvez seja este motivo que a região do Marmeleiro e Botiatuba já aparecem com povoamentos em meados do século XVIII e antes disto pelo número de pessoas existentes dentro de um contexto de “quarteirão” curitibano. por efeito nesta época existia Botiatuva na Vila do Principie (Araucária) e Campo Largo.  
Ou seja, só expus uma observação de considerações finais, sem ter conseguido uma prova concreta para tal fato, mesmo eu tendo tido o contato com fragmentos de escrituras e instrumentos de transferências e testamentos desta época. Pois, o problema aparecia pela falta de mapas precisos e no contexto homônimo de localidades, além do fato desses  documentos estarem dispersos entre os cartórios da Comarca de Campo Largo, Curitiba, Paranaguá, Arquivo Público e museus restritos, fora os que se perderam com o tempo por indevida conservação. Ou seja, como expressei inicialmente, estes fatos eram tão comuns, que ninguém se dava conta que um dia seria histórico, por isto ninguém cuidou adequadamente. A mentalidade de preservação de acontecimento cotidiano é um fato tímido, indireto, recente e restrito a certas pessoas. Não é uma mentalidade geral e difundida. Por este motivo que esta observação não aparece nos capítulos iniciais. E não deve ser considerada como verídica ou plausível.
No entanto o Botiatuba tamandareense foi uma área de sesmaria (mas de quem inicialmente?) e seu nome tem origem na língua tingui. Isto é fato. 


[1]              WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná. 9. ed. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2001, p. 62-63.
[2]          STANCZYK FILHO, Milton. Alianças Matrimoniais e Estratégias de Bem Viver no Espaço Social da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba (1690 – 1790). Universida Federal do Paraná, trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002, p. 10-11. 
[3]              NEGRÃO. Francisco. Boletim  do Archivo Municipal de Curytiba/Documentos para a história do Paraná/Fundação da Villa de Curytiba 1668-1745. Vol.VII, Curytiba, Livraria Mundial, 1924, p. 07-09. 

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