sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A epidemia de escarlatina 1895-1896

No que informa o “Relatório apresentado ao Exmo Sr. Governador do Estado do Paraná pelo Inspetor Geral de Hygiene Dr. Trajano Joaquim dos Reis, em 1º de setembro de 1896”, p. 18, a escarlatina entrou em território paranaense em setembro de 1895 por Antonina e Paranaguá, chegando em Curitiba praticamente meses depois se espalhando rapidamente por São José dos Pinhais, Araucária, Ponta Grossa, Tamandaré e colônias polacas. Atingiu seu auge em janeiro a maio de 1896.
Sua contenção foi difícil, pois segundo o Dr. Trajano Joaquim Reis em seu relatório “(...) as visitas e desrespeito o desprezo aos conselhos hygienicos, a falta de altruísmo, a ignorância, a falta de recursos de muitas famílias necessitadas, tendo apenas um pequeno dormitório commum, as reuniões, quer particulares, quer públicas, para onde concorriam individuaos sãos e muitos recém-sarados e ainda em condição de transmissão, os cocheiros, as lavadeiras, a immundicie nas ruas, os ares, as águas forneceram enormes contingentes ao entretenimento do morbo. Apesar dos conselhos que escrevi, fiz publicar e espalhar; apesar do muito que fatiguei-me aconselhando, por assim dizer, pessoalmente de porta em porta; apesar do excessivo trabalho das desinfecções diárias; apesar de toda a actividade, de grandes encomodos de espírito, não foi possível por paradeiro ao mal. Quanto mais actividade se desenvolvia, tanto mais procuravam illudir-nos, tornando nullos os nossos esforços, ora occultando os doentes e permitindo as relações d’elles com os parentes, visinhos e amigos; ora retardando a apresentação dos attestados de óbito ao – Visto – e só fazendo depois de ter o cadáver do escarlatinoso infectado a Igreja e seguido com não pequeno acompanhamento para o cimitério. Todos os meios os mais astuciosos, os mais engenhosos foram postos em prática para enganar os encarregados de zelar da saúde pública. Aquelles, porém, que tanto embaraçaram a prática de medidas hygienicas illudiram-se a si mesmo; porque pagaram bem caro as suas inqualificáveis imprudências, perdendo entes queridos; o que não teria acontecido se fossem obedientes aos conselhos dos que só almejavam o bem estar da população, dos que empregava os meios de poupar soffrimentos”.
No contexto deste mesmo “Relatório de governo de 1896”, p. 19-24, em decorrência desta condição, se calcula que a escarlatina vitimou aproximadamente um terço da população paranaense. Porém, a vacinação e as medidas preventivas conseguiram conter o avanço e sua disseminação. As principais medidas foram: Fechamento preventivo das escolas no período da epidemia; isolamento do doente; desinfecção do aposento do doente; proibição do transporte do cadáver em via pública ou exposição em velórios; higiene pessoal; manter limpo as casas; não criar porcos e outros animais imundos em quintais; fora outros aconselhamentos.
Em Tamandaré, a doença atingiu principalmente as Colônias Lamenha, Santa Gabriela e Antônio Prado.
Depois, em 1913 ocorreu um breve surto, como é possível observar na publicação do jornal “A República, de 28 de janeiro de 1913” no contexto da visita que fez o Dr. Candido de Leão, diretor da repartição de Higiene, no povoado de Marmeleiro, onde constatava reinar uma moléstia desconhecida, verificou aquele facultativo tratar-se de alguns casos de escarlatina.

TEXTO EXTRAÍDO DA OBRA CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS SOBRE O MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ-PR que pode ser visualizado nos links:

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